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Mostrando postagens de dezembro, 2009

Psicanálise e Modernidade. Cláudia Henschel de Lima

Quarenta e cinco anos nos separam do marco da teorização do objeto a no ensino de Lacan: o seminário sobre a angústia - ponto de partida para a separação entre o real e o significante, para a pluralização dos objetos a e sua localização na anatomia de um corpo irredutível ao formalismo. Entre este seminário, com suas referências naturalizantes, e o seminário O Avesso da Psicanálise recoberto pelas luvas de Marx, um avanço importante ocorre em seu ensino: trata-se do movimento de transportar o objeto a - até então pluralizado nos diversos pedaços do corpo - para a atualidade histórica através dos quatro discursos. Entre os anos de 1964 e 1969, localizamos no seminário sobre Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise - onde o objeto a é a presença de um vazio que pode ser ocupado por qualquer objeto, sem hierarquia de valor - e em De um Outro a outro, onde avança sobre a homologia entre mais-valia marxista e mais gozar, as bases desta alavancagem conceitual, que será apresentada em

Ethos moderno em Baudelaire. Cláudia Henschel de Lima

( Trecho do artigo sobre psicanálise e literatura na modernidade ainda no prelo). Um dos traços mais marcantes do século XX foi a elaboração de uma concepção crítica a respeito da contemporaneidade. Cito como exemplo, o pensamento de Martin Heidegger, Hanna Arendt, Michel Foucault e, na psicanálise, de Jacques-Alain Miller. São pensadores que, no campo filosófico e analítico, abordam a contemporaneidade problematizando sobre a atualidade e o posicionamento assumido pelo intelectual diante das transformações dos saberes e das relações de poder. No caso específico de Michel Foucault, é importante ressaltar o que ele próprio denominara de ontologia do presente, extensamente analisado em “O que são as Luzes?”. Nesse artigo, Foucault elabora uma definição precisa da ontologia do presente. Trata-se de conduzir uma “genealogia, não tanto da modernidade, mas da modernidade como questão”, ou seja, é tornar a modernidade um enigma para o pensamento filosófico. Dessa forma, a ontologia do p