1. Introdução “Uma vez roubada, usurpada, Libido não sucumbiu na prisão erguida pelo Pai (...). Libido não morreu, mas se fez nuvem, água, manancial, torrente. Eu a vertia – dizia o Pai – no tonel das Danaides; ali estava resguardada. Mas sabemos o que ele não sabia: essa não era uma caixa que pudesse retê-la. Pai, não vês que fujo, que escapo, que precipito o incêndio? Não, o Pai não via que Libido se ia e que, no deserto, mil oásis floresciam. O pai acreditou estar enterrado junto com Libido. E o sujeito acreditou – acreditou que o Pai a tinha, com um abraço, na morte. Durante esse tempo, Libido se metabolizava alegremente sem que ninguém a reconhecesse. E o sujeito era feliz sem o saber”. O mito elaborado por Miller (2005) exprime com precisão o limite teórico-clínico da teoria do Pai em Lacan: a categoria de gozo impôs tal limite. Neste sentido, o avanço conceitual da teoria do pai a partir, principalmente do final dos anos 60, parece confirmar o caráter problemático das três gra
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