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Mostrando postagens de 2008

FREUD, A CIÊNCIA E A TOXICOMANIA

FREUD, A CIÊNCIA E A TOXICOMANIA Claudia Henschel de Lima 1. FREUD E A CIÊNCIA O desenvolvimento da problemática da toxicomania, no interior da psicanálise é indissociável da colocação do problema acerca do status da psicanálise (como teoria e clínica) em nossos dias, em que a ciência está submetida ao regime capitalista. Dois elementos definem a direção dada a investigação da toxicomania. São eles: · A evolução dos conceitos em Freud está articulada a concepção do que vem a ser uma ciência. · Isso será evidenciado pela descrição do modelo fisiológico empregado por Freud para explicar os efeitos da cocaína sobre o corpo. O fato da ciência funcionar como o ideal que orientará o entendimento sobre a cocaína, impõe o distanciamento entre os argumentos de Freud e os da psiquiatria clássica. 2. A ORIGEM DA CATEGORIA DE TOXICOMANIA · Loucura Clássica. A consideração a respeito da loucura na época clássica está intimamente articulada ao cogito cartesiano. A loucura está fora do co

Deprimido ou triste?

Deprimido ou triste? Cláudia Henschel de Lima. Adilson Pimentel Valentim (aluno do 6º período do curso de psicologia do UNI-IBMR; auxiliar de pesquisa do Laboratório de Investigação das Psicopatologias Contemporâneas). Natália Ferreira Rodrigues (aluna do 6º período do curso de psicologia do UNI-IBMR; auxiliar de pesquisa do Laboratório de Investigação das Psicopatologias Contemporâneas). A época em que vivemos Vivemos em uma época de elevado consumo de antidepressivos e estimulantes. Os dados divulgados pela Secretaria Nacional Antidrogas do governo do Brasil, em 2007, evidenciam que o consumo de estimulantes, anfetaminas e benzodiazepínicos é maior do que o próprio consumo de cocaína. Esses dados mostram um fato que a atenção concentrada no consumo de drogas ilícitas encobre: a necessidade, por parte da população brasileira de consumir substâncias que tratam as alterações do humor – seja para produzir sentimentos de ânimo, alegria ou felicidade (o uso de estimulantes e anfetaminas),

QUE LUGAR PARA A PSICANÁLISE? – PSICANÁLISE E TOXICOMANIA

QUE LUGAR PARA A PSICANÁLISE? – PSICANÁLISE E TOXICOMANIA [1] Cláudia Henschel de Lima – Professora Adjunta do Curso de Psicologia do UNI-IBMR. Membro da EBP-AMP. Coordenadora do LAPSICON Introdução O ponto de partida deste trabalho é o problema que Jacques-Alain Miller formula no seminário L´Autre Qui N´existe pas et ses Comités d´Éthique (1996): Qual é o status da teoria e do tratamento analíticos na era da globalização? O objetivo deste trabalho é apresentar um esboço da particularização desse problema na investigação teórico-clínica da toxicomania. A hipótese é que a toxicomania seria uma versão da proliferação do gozo, que invade o laço social contemporâneo e fortalece a supressão do sujeito. Sendo assim, a toxicomania seria uma versão em que se verifica a baixa efetividade da metáfora paterna e a pluralização do significante-mestre. Essa particularização é, ainda, uma forma de se colocar o problema a respeito da possibilidade da psicanálise em nossos dias. A fim de apresentar

Da felicidade New Age ao objeto a na psicanálise

Da Felicidade New Age ao objeto a na Psicanalise. Claudia Henschel de Lima (EBP-AMP) A fundação da psicologia, no final do século XIX, obedeceu ao projeto epistemológico de constituição de uma ciência da razão. Duas metodologias bem distintas habitaram esse mesmo solo: a metodologia experimental – que cumpre o objetivo de validar empiricamente as leis gerais de funcionamento do psiquismo – e a metodologia clínica que estende a psicologia para o domínio da investigação e tratamento individual da psicopatologia. Em 1998, ao assumir a presidência da American Psychological Association (APA), Martin Seligman opera uma mudança de paradigma na investigação psicológica, ao defender que a psicologia deve deslocar-se da clínica individual e psicopatológica para a elaboração de leis gerais e quantitativas da regulação da resposta emocional normal, positiva – a felicidade, o contentamento, o otimismo, a gratidão e a qualidade de vida. Essa nova gestão da APA impõe, entre o final do século XX e o